Luís Duarte – Arraiados – ACD Setúbal

Luís Da Conceição Duarte, 64 anos. Aos 11 anos era um menino de escola, numa altura que os rapazes e muitas das raparigas começavam a trabalhar em tenra idade e o Luís não foi excepção, foi guardar um rebanho de ovelhas na sua meninice. Certo dia quando regressava com o gado para as meter no curral, reparou num pombo bravo que saiu de um carvalho grande, naquele momento, ele diz para um colega, vou subir lá acima e vou ver o que ali há,  reparou que tinha no ninho dois borrachos. Ao descer da árvore e indagado pelo amigo que seguia com ele, respondeu que não havia nada no ninho. Seguiram viagem e depois do rebanho encerrado, voltou la sozinho e levou os borrachos para casa. Foram criados à mão, um deles desapareceu logo nos primeiros voos mas o outro tomou tal afecto, que andava sempre atrás do Luís Duarte. Esteve  5 anos junto dele, um dia na altura da caça, desapareceu e muita pena deixou o seu desaparecimento.

Os pombos ficaram sempre na ideia a partir desta experiência. Foi assim  que o bicho lhe entrou no sangue, para nunca mais sair. Há 35 anos atrás foi fazer uma obra a Santo António da Caparica, na altura já com a escola terminada e inserido no mercado de trabalho como construtor. No terraço, no ultimo piso estava um pombal e encontrou um columbófilo, que concorria em Lisboa, era  Manuel Cheinho Pintor, que o viu perplexo a olhar para os pombos e o questionou se sabia o que era e se gostava… se gosto…eu adoro pombos… respondeu o Luís… o columbófilo não teve meias medidas foi buscar uma caixa e meteu la dentro 4 casais de pombos para lhe oferecer.

Corredor Frontal do Pombal

Na altura o Luís Duarte já namorava com a rapariga que é hoje sua esposa, e teve que lhe pedir para, no quintal dos pais dela, fazer um pequeno pombal em madeira, para albergar ai os pombos que lhe tinham oferecido e foi ai mesmo que passado poucos anos surgiu a primeira colónia a encestar na colectividade do Pinhal Novo.

A vida melhorou, comprou casa nos Arraiados, que pertence ainda ao Pinhal Novo, investiu dinheiro em pombos de qualidade e a partir desses pombos constituiu uma colónia ganhadora. Os primeiros anos no Pinhal Novo foram apenas de ganho de experiência e testes, os resultados não eram sequer  interessantes.

Quando mudou de casa e pensou que tinha que fazer algum investimento, começou por ir a um leilão a Torres Novas, onde comprou 3 casais de pombos, um desses casais já estava feito, era do mundialmente Famoso”Colson”, grandes pombos, adquiriu ele nesse dia. No distrito de Setúbal foram realizadas em tempos, duas provas de grande fundo nas quais cada columbófilo só podia encestar 10 pombos e nas duas meteu 4 em cada uma, todos da linha Colson. Estes pombos foram realmente uma motivação suplementar para seguir em frente lutando por um lugar ao sol.

Pombal Fêmeas

Mais tarde Comprou ao Palma da Charneca um casal, dos pombos , da linha do Rui Duro, uns pombos que fizeram deste columbófilo campeão distrital. Passado mais algum tempo comprou dois casais na CIC, também uma pipa de massa, um deles linha Janssens e outro casal da linha do King. Estes primeiros casais fizeram a diferença nas primeiras campanhas. A cereja no topo do bolo para completar a equipa e que entraram muito bem nos pombos que já possuía, foram o “avionetas” de Vítor Bigodinho de Paio Pires, hoje a residir em Fernão Ferro.

Avioneta – Uma linha antiga, Portuguesa

Diz nos que nem tudo foram rosas nas aquisições, comprou muitos pombos, que nada deram, nem uma pena, mas estes que frisámos, foram realmente bons. Quanto aos Avionetas, descendem de uma pomba Olímpica que Vítor Bigodinho possuiu. esta historia desta fêmea e destes Avionetas será contada brevemente. Caros leitores, podemos adiantar que estes pombos que vieram para os Arraiados têm dentro, Belguitas do Galrão cruzado com uma irmã da campeã Olímpica… daqui saiu uma geração que continua a dar pombos a vencer corridas.

Pombal Machos

Houve dois homens na vida columbófila de Luís Duarte que ele estima acima de tudo pelos atitudes que tiveram para com ele: Vítor Bigodinho e  Coll Alberto na Holanda, podemos contar os factos que se passaram, ambos quando foram visitados pelo Luís, e quando lhes perguntou se lhe vendiam um casal de pombos, responderam os dois da mesma forma: “entre ai no pombal de reprodutores e escolha um casal” e ele trouxe o que quis, não é qualquer pessoa que faz isto e dai estar mais do que agradecido pela atitude que tiveram para com ele.

O Kannibal, cruza com a Avioneta II

Entretanto comprou alguns Kannibais que cruzaram bem com as Avionetas e quanto a aquisições que revelaram qualidade ficamos por aqui. Concorreu no Pinhal Novo, Palmela, Lavradio e Baixa da Banheira. Chegou em 2012 a vencer todos os campeonatos em disputa em Palmela. A nível distrital nesse ano, chegou a fazer 1º e 2º Distrital.

Pombal Fêmeas II

Entretanto um grande acidente de trabalho, já faz uns anos, deixou-o incapacitado para trabalhar e à perna com as companhias de seguro. Teve que vender pombal e os voadores todos. Os reprodutores ficaram, apesar do numero ter sido reduzido, esses enquanto for vivo, diz nunca se desfazer deles. Hoje em dia apostou algumas vezes em Derbys e com bons resultados. E foi este sucesso que nos chamou a atenção.

Avioneta- ainda da linha da Pomba Olímpica de Vítor Bigodinho

Jogou na Luz de Tavira, depois outro ano foi ao Cartaxo e em Riachos este ano, e aqui sim destacaram-se à grande, faz o 2º Pombo na prova final e o 12º. Só um columbófilo suíço fez melhor pontuação que o Luís Duarte. Venceu o 2º de equipas, no meio de muitos craques e da fina flor da Europa. O pombo que fez 2º é filho do Kannibal com a Avioneta, (o casal 2008), outro que se classificou é filho do Van Loon (foto 1) com a outra Avioneta.

São 15 casais na reprodução que vão continuar a tirar borrachos para amigos, para leilões, e para apostar quando possível em derbys.

Pombal reprodutores

Nesta altura do ano todos os atletas estão consignados a duas das secções dos pombais, mas logo que termine a fase da criação irão ocupar as restantes secções.

Vista Geral dos Pombais em Arraiados

Gostava de ter uma varinha de condão para fazer milagres e conseguir resolver os problemas de todos quantos coabitam à minha volta. A vida deste senhor levou uma volta inesperada, quando tudo parecia caminhar de vento em poupa, eis que um revés acontece, um amor incondicional pelo pombo correio e pela columbofilia que nasceu no coração deste homem foi abalado pelas partidas da vida, que têm teimado em afastar o homem do seu sonho. Quanto a mim, acredito que temos que aproveitar enquanto estamos vivos, porque só cá vimos uma vez e só temos esta oportunidade…e se passarmos ao lado do que gostamos é uma perca sem retorno…

…não é de apoiar mos estas situações??????…

Quanto mais viajo , mais vontade tenho de viajar e quanto mais conheço, mais vontade tenho de conhecer. Muitas vezes ao lado da nossa porta estão pessoas e coisas super interessantes. Faço entrevistas já faz muitos anos, tenho o privilégio de ter conhecido a família Moura, que muito estimo e aprecio, é um orgulho muito grande escrever para o seu jornal: “Mundo Columbófilo” já faz quase uma década e pensava eu a determinada altura que me ia aborrecer, as coisas iam arrefecendo com o passar do tempo… mas não é verdade, continuo cheio de vontade de visitar columbofilos e pombais… não são todos… confesso, mas adoro uma boa historia e um grande campeão também.

Fui conhecer Luís Duarte, e ele esteve sempre aqui ao pé de mim,  muitas das vezes o melhor está debaixo do nosso nariz,  Arraiados fica aqui de Fernão Ferro uns 15 kms se tanto. Foi um enorme prazer, espero que o sucesso em Derbys continue a ser uma realidade, que as coisas se resolvam rapidamente com a seguradora e que a vida possa retomar a normalidade e  quem sabe um dia possa voltar a encestar pombos. Um bem aja pela sua simpatia , pela partilha e pela recepção.