Franklin Pedro Silva… um verdadeiro Campeão… SCG Monte Real-ACD Leiria
Bom dia caros columbofilos. O Columbofilia Online hoje andou por terras de Leiria, mais especificamente pela rua da Barroqueira em casal da Anja onde fomos conhecer pessoalmente um columbofilo muito especial e que nos deu uma grande lição de humildade, nos fez ver a vida sem filtros e encarar a realidade sem lentes graduadas: Franklin Pedro Silva … um super campeão… o dia de hoje vamos contar um pouco da sua historia e consequentemente fazer algumas criticas ao sistema que dirige a columbofilia nacional.

Visitámos um pombal bastante humilde, que por vicissitudes da vida nunca chegou a ser acabado e como as fotos nos mostram ficaram as obras a meio, mas vamos começar a historia mais atrás… Franklin tem pombos desde os seus 14 anos, neste momento já gozou 53 primaveras e conta os dias para no dia 5 de Julho poder completar mais um aniversario. O gosto pelo pombo quase que foi inato, o seu pai tinha pombos vulgares em casa e a sua tendência de miúdo era passar muito tempo junto a eles e dedicou se ao seu cuidado logo desde cedo. Por influencia de amigos locais onde habitualmente assistia a chegada de concursos, foi alimentando esta paixão até ao dia que começa a ter os seus próprios pombos Correio.

Inicialmente começou por encestar pombos na colectividade da Vieira e agora em Granja Monte Real. A campanha passada apenas realizou 3 concursos, entretanto começou a dissertar-se a Pandemia e o nosso entrevistado como doente de risco e aconselhado pelos seus filhos resolveu fazer uma paragem. Uma família feliz, a esposa gosta dos pombos, os filhos saudáveis, procuraram vida na Suíça, estão emigrados, o rapaz com 34 anos e a moça com 28 estão a fazer pela vida lá fora para um dia regressarem ao seu país numa situação financeira mais confortável. O pai continua a sua luta diária para continuar a ser columbofilo apesar das grandes dificuldades físicas e não só, que enfrenta diariamente para poder cuidar dos atletas… mas já lá iremos…

Quantos ás linhagens de pombos cultivadas por este grande campeão podemos falar nos “Peters”, “Janssen X Peters”, e os”Japoneses” que lhe chegaram de Atilio Carreira, depois falamos de uma descendência de pombos do Professor José Heleno que nos anos “90” era muito amigo do pai de Franklin, conheceu-o por coincidência num leilão, começaram a falar desconhecendo a amizade entre o professor e o seu pai… mas quando o assunto veio “à baila” na realidade a conversa fluiu de outra forma e iniciou se ai uma extensão de amizade… nessa altura o professor Heleno oferece -lhe 2 borrachos… no ano de 1998 um deles nunca marcou nada de especial… mas o seu irmão nunca sendo encestado a fundo foi um pombo extraordinário, ganhou logo uma anilha de ouro… este pombo deixou uma geração de ganhadores, parece que quanto mais gerações passam melhores os pombos ficam. Devemos também referenciar quanto a linhagens os Cobut vindos de José Joaquim de Coimbra, entretanto já falecido, os Imbrecht e os Kannibal.

Actualmente os grandes pombos que fazem a diferença no seu pombal são também, os que chegaram da Supra, através de Paulo Rodrigues, um grande amigo de Franklin, quase que anualmente o seu comparsa lhe faz chegar inúmeros borrachos e pombos adultos para reproduzir… durante a nossa entrevista, cada vez que falávamos no Paulo as lágrimas chegavam sempre aos olhos do columbofilo… há uns anos atrás devido ás dificuldades da vida pensou e tomou a decisão de abandonar em definitivo a columbofilia, contra a sua vontade porque esta pratica desportiva nasceu com ele, mas por imposição do rumo que a vida tomou estava a ficar sem soluções… foi o Paulo que o evitou… o Franklin costumava visitar as instalações da Supra, onde fazia as suas compras.. e numa das conversas acaba por contar a sua condição: que tinha a filha a estudar e a sua saúde estava tão debilitada que não podia trabalhar… foi reformado muito cedo, a reforma é pequena e não chega para tudo… aos 30 anos apareceu-lhe a doença conhecida por doença dos “Pezinhos” e iniciou se um caminho de progressiva debilidade física ao ponto de não conseguir estar em pé sozinho, se não estiver apoiado e a locomoção é feita com muita dificuldade… Estamos a falar de uma doença hereditária, degenerativa… e quando aparecem os primeiros sintomas depois é galopante… na altura foi difícil encarar a doença, nunca pensou chegar à situação actual… já não andava… caia sozinho, emagrecia de dia para dia e lembrando-se do seu passado de homem forte e viril, construtor de profissão, trabalhar de sol a sol…foi ele que com sangue suor e lágrimas construiu o seu lar onde reside com a sua esposa e criou os filhos e de repente o tapete puxa-lhe toda a sua vida… é muito difícil e a columbofilia foi o grande suporte para ultrapassar as grandes dificuldades, tal como os amigos mais próximos e a família, mas sentia que tinha que por um ponto final no hobby para conseguir financeiramente fazer face às responsabilidades.

Paulo Rodrigues diz-lhe que nem pensar que o vai deixar desistir e que fará o possível para evitar essa situação… ofereceu se para lhe dar tudo o que ele precisasse para os pombos… Franklin fica sem palavras e diz-nos que até ficou envergonhado… mas o Paulo nunca lhe pediu um tostão… chegou ao ponto de lhe oferecer uma entrada electronica, na altura da chegada dos pombos que levavam anilhas de borracha, eram marcados em relógio de bater, a mobilidade nas mãos não permitia registar o pombo no aparelho, tinha de ser com os dentes… e a Supra não permitiu tal situação… foram eles os grandes responsáveis pela manutenção deste nosso amigo na columbofilia.

Como columbófilo o seu método é simples, passa por manter mesmo em período de muda da pena o maior tempo possível os sexos juntos, apesar de em vários meses terem os ninhos fechados, mas ficam lado a lado com os parceiros, diz nos que é um dos grandes segredos para evitar o vicio das fêmeas no meio da campanha seguinte e será deste procedimento a responsabilidade de classificar tão bem… os voadores criam um borracho no final de cada época e depois na campanha voa à viuvez sem incentivos na partida, treinos em linha é complicado, têm de treinar à volta do pombal. Simples mas eficaz.

O pombal que visitámos fica numa zona de campo e muito por esse facto os seus pombos são muito fustigados pelas aves de rapina, tem anos de perder 60 pombos para elas… já chegou a estar a receber um pombo de um concurso de fundo e este ser apanhado por uma águia e nunca mais o ver… é um grande campeão em todos os aspectos, mas podia marcar muito melhor não fossem os predadores a levarem-lhe muitos dos melhores atletas… o que o leva a fazer duras criticas à estrutura columbófila nacional, pelo facto de ao longo dos anos ter permitido vulgarizar o pombo correio, que é uma ave actualmente desprezada e pouco reconhecida na sociedade em geral, diferente de outrora que o seu estatuto de utilidade publica era visível… hoje em dia os defensores dos animais, defendem muito mais milhafres e águias, e a sua libertação maciça na natureza do que preservar o pombo correio ou o equilíbrio entre as duas realidades… e a culpa como em outras situações morre sempre solteira… o tempo é desperdiçado na estrutura com politica e esquecem defender a imagem: do pombo, do columbofilo e do pombal, num mundo do betão que anualmente impede dezenas de pombais de serem construídos e outros já edificados a serem derrubados… para quando um esforço grande para a sua legalização…? essas deviam ser as prioridades… outras prioridades deviam ser por exemplo a canalização de esforços para manter os columbofilos actuais e estancar a hemorragia de amadores que anualmente abandonam a pratica desportiva… pessoas como o Franklin que tipo de apoio podem contar da Federação Portuguesa de Columbofilia? Nomeadamente no seu caso, pediu apoio há alguns anos atrás por carta onde explicava a sua situação e mencionava os 83 % de incapacidade física acompanhada dos relatórios médicos e passado todo este tempo ainda aguarda uma resposta… pelo menos um não… agora nada?… tem sobrevivido na columbofilia com a ajuda de amigos e com esta nova direcção da Associação do distrito de Leiria, que tem estado também ao seu lado, apoiando no possível. Há dias que apetece bater na mesa e serrar o punho… mas a vida tem de continuar e temos de acreditar que melhores dias virão.

Como eu era…
A saúde não lhe permite terminar os pombais e dar melhores condições aos atletas, tem de contar com a ajuda da sua mãe de 72 anos na limpeza das instalações, mas com o esforço de todos vai continuando com a chama acesa… caros leitores, sendo este um campeão, porque ao nível das marcações é espectacular, faz fitas fantásticas, já venceu o que havia para vencer nas colectividades onde passou, e os melhores anos são sempre aqueles nos quais a saúde não o obriga a ir tanto ao hospital…. já foi sujeito a varias operações e a um transplante… não tem sido fácil… mas devido ao seu enorme esforço não é só um campeão é um super campeão… quanto à Supra e ao Paulo Rodrigues não há palavras para descrever o que tem feito por este homem e pela columbofilia em geral no nosso país… obrigado.
Para terminar sublinhar a importância da columbofilia na integração do homem na sociedade… a columboterapia tem um poder fortíssimo na manutenção de um intelecto saudável e na sanidade em situação graves de depressão e stress.
Um abraço a todos e até breve… são estes columbofilos que fazem a columbofilia ser linda…
Sem palavras… Qualquer pessoa fica emocionada. Não é apenas a história de um grande campeão, mas a prova que a columbofilia é um modo de vida e não apenas uma modalidade. Os pombos dão-nos muito mais (diariamente) do que aquilo que nós lhes damos a eles…
Parabéns Sr. Franklim e “chapeau” à SUPRA e ao Sr. Paulo Rodrigues.
Esta Columbofilia nunca deve acabar…
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Felizes os que têm saúde os meus sinceros parabéns á Supra e a este grande Guerreiro que Deus o ajude…🙏
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O melhor Pai e amigo do mundo ❤
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