Santa Rita -ACD Lisboa 3º Nacional Valência – Raio mais de 750 KM – 2021
Bom dia, boa tarde ou boa noite conforme a hora que o caro columbofilo esteja a ler estas palavras. Fomos ao encontro do nosso amigo Santa Rita em Lisboa, que venceu o 3º Nacional de Valência 2021 no raio de mais de 750 KM. Por si só esta visita foi muito especial em particular para mim que escrevo estas palavras… desde miúdo e ainda a viver em casa dos meus país na vila de Fronteira, na altura já concorrente na colectividade local, recebíamos a visita de Paulo Franco e Santa Rita que iam ao Alentejo caçar e habituei-me a ouvir as suas palavras desde essa altura… hoje já um homem feito foi um enorme privilegio rever um amigo que eu gostava tanto de escutar.

Apresentamos desde já atleta que fez a proeza de vencer o 3º lugar nacional no raio mais de 750 KM.
Viemos conhecer uma fêmea (Simon X Ansenne) por parte do pai e (Belga do Xico X “19” Paulo Franco) por parte da mãe

Santa Rita, rapaz de 53 anos, columbófilo desde 1986. Curiosamente iniciou se na columbofilia sem ser por influencia de alguém… o gosto pelo pombo nasceu e evoluiu desde menino quase de forma espontânea… quando via um pombo com uma anilha, ficava parado a idolatrar o animal… até um determinado dia que estavam uns fulanos à caça e na passagem de uns pombos um dos homens dispara e chumba um deles… o Santa Rita correu a salva-lo, cuidou dele, era um macho grande pedrado claro com uma anilha vermelha… o pombo recuperou, foi aduzido em sua casa, num pombal onde habitavam alguns pombos vulgares que com o tempo foram sendo substituídos por pombos Correio… assim nasce a paixão que atravessou toda a sua vida de forma muito intensa. Começou a concorrer com 18 anos no Paço de Arcos, um clube pequeno entretanto extinto, como dirigente começou com 19 anos em S. Domingos de Rana e até hoje foi sempre director sem interrupções.

O Avô do nosso entrevistado negociava rações, com o pai de António Luís Galrão e viajavam muito até à Malveira… já eram da casa… a mãe de António Galrão contava historias que o seu filho era campeão columbofilo e assim acaba por conhecer o António e privou e aprendeu muito com ele, durante muitos anos… recorda também emocionado o seu grande professor na Columbofilia: Paulo Franco, amigos de longa data, desde criança. Recorda também com muita estima uma outra referencia na sua aprendizagem que foi o tio Restolho, o mestre columbofilo de Lisboa.
Resultados Valência 2021 mais de 750 KM Santa Rita: 3º Lugar
1º | 6199054/16 POR | 59657 | Alves & Bras | Faro | 17:19:34 | 752689.7 m | 1186.147 |
2º | 9061743/19 POR | 58137 | Pombal Azul | Lisboa | 17:50:36 | 760994.0 m | 1143.320 |
3º | 9059014/19 POR | 10950 | Vitor Manuel Joao Goncalves | Lisboa | 17:53:59 | 754891.6 m | 1128.416 |
4º | 8220486/18 POR | 60201 | Team Algueirao | Lisboa | 17:59:17 | 755112.3 m | 1119.874 |
5º | 7147390/17 POR | 20240 | Joaquim Antonio A Fonseca | Lisboa | 18:15:31 | 767279.2 m | 1111.167 |

A base desta colónia são os Ansennes, os Simons, o Belgas do Xico e os Janssens chegados através de Paulo Franco, principalmente da linha do “19” que era um Pombo filho de um macho Belga do Xico (Grandes X Bonitos) cruzado a uma Janssen do amigo Prates de Vendas novas, linha do olho amarelo. Depois corre muito sangue diferente de varias linhagens dentro deste pombal, mas os diferenciados e os que perpetuam de geração em geração são estes. Podemos ainda fazer referencia aos pombos de Paulo Campos que entraram muito bem na base da casa.

Os Ansennes chegaram ao seu pombal através de um senhor do Norte que vivia em S. Domingos de Rana, chamado Abreu, quando este columbofilo deixou de praticar a columbofilia, o Santa Rita foi lá comprar dois casais, uma borracha de 1990, um macho de 1984, avô da borracha, trouxe também a mãe da borracha e um tio… a partir destes 4 pombos construiu a base da sua colónia. Os Simons vieram alguns de José Claudino de Évora, outros de Paulo Franco que os tinha adquirido nos irmãos Cabeças no Alentejo e ainda alguns de Bento de Almeida.

Os Belgas do Xico, chegaram-lhe da Malveira. Há muitos anos um fulano que trabalhava na Bélgica na zona de Antuérpia e tinha sido columbofilo em Portugal, na altura o Xico da Malveira não conseguia acompanhar António Luís Galrão, e esse fulano disse lhe que lhe ia oferecer uns pombos que em dois anos faziam dele campeão. Vieram 3 casais de pombos, nunca ninguém soube que pombos eram, um casal de azuis claros grandes, um casal azuis escuros traçados e um casal pedrados sendo que a fêmea tinha uma pena branca… o Xico baptizou os casais e os seus filhos: eram os grandes, os negros eram os bonitos e os pedrados eram os tortos que eram difíceis de entrar e foi daqui que vieram os celebres “belgas do Xico”.

Santa Rita selecciona anualmente 120 fêmeas que passam à época seguinte e mais cerca de 80 machos, aposta nos dois sexos, embora nos confesse que com os machos é preciso ser mais cuidadoso. Juntam se mais 130 borrachos que normalmente no primeiro ano só fazem treinos.

Este macho não voou muito, por sinal era parceiro de uma craque e foi ficando sempre para traz, poucas vezes foi encestado, mas reunia tudo o que havia de melhor no pombal. No ano de 2016 tirou-lhe duas filhas para o testar como reprodutor, já na ultima Valência del Cid foram essas pombas as duas primeiras do pombal e assim descobriu mais um casal…

No pombal de reprodutores encontrámos um grupo de pombos muito interessante, com vários atletas a segurar cada uma das linhagens cultivadas, pudemos manusear algumas das fêmeas e observamos enorme qualidade.
3º | 9059014/19 POR | 10950 | Vitor Manuel Joao Goncalves | Lisboa | 17:53:59 | 11:08:59 | 754891.6 m | 1128.416 |

Antes de terminarmos teremos que contar uma historia deliciosa que nos emocionou quando o amigo Santa Rita a contou durante a nossa entrevista. Despedimo-nos relatando factos de há quase uma vida atrás: a columbofilia tem historias muito interessantes e trás-nos coisas muito boas que nos enriquecem em muitos casos… há muitos anos atrás um miúdo de 8 anos de Peniche comunicou um pombo a Santa Rita, este pegou no carro e foi lá acima recupera-lo, quando lá chegou era uma “barraquita”, umas condições miseráveis e toda aquela envolvência tocou-lhe no coração… voltou a Lisboa e passado uns dias encheu a sua carrinha com alguns produtos, suplementos, ninhos e o que conseguiu juntar e foi por ai acima novamente levar ao menino. Tinha percebido naquela criança uma enorme paixão pelos pombos e muitas dificuldades para praticar a columbofilia… o menino nem estava em casa nesse dia, a recepção foi feita pela sua mãe e lá ficou o material para ajudar a continuação e enraizamento na columbofilia… voltou a casa e ano após ano lembrava-se deste episódio, comentava com amigos, contava a historia e questionava-se o que seria feito do rapaz… Passado 25 anos, é recepcionado um email em São Domingos de Rana na colectividade a perguntar se o santa Rita que ali concorria era a mesma pessoa que no passado tinha feito uma generosa oferta a um menino em Peniche… este contacto e esta aproximação fez emocionar todos os que conheciam a historia… trocaram se contactos e a comunicação entre os dois foi retomada como se nunca tivesse parado, hoje em dia são compadres e Santa Rita é padrinho do segundo filho do agora homem feito e outrora menino, as famílias são muito próximas e parece que se deram toda a vida e os dois continuam ligados a esta pratica maravilhosa que é criar e competir com pombos Correio… são estas historias boas que a columbofilia nos traz e nos marcam para um sempre.
Um bem haja a todos os nossos leitores e até breve…
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