Daniel Mendes Correia Pinto um histórico na columbofilia Nacional
Bom dia caros leitores. Uma das nossas visitas semanais foi a Évora… “Évora e sua região circundante tem uma rica história que recua mais de cinco milénios, como demonstrado por monumentos megalíticos próximos como a Anta do Zambujeiro e o Cromeleque dos Almendres. Alguns povoados neolíticos desenvolveram-se na região, o mais próximo localizado no Alto de São Bento. Outro povoado deste tipo é o chamado Castelo de Giraldo, habitado continuamente desde o 3º milénio até ao primeiro milénio antes de Cristo e de esporádica ocupação na época medieval”. (in Wikipédia). O nosso intuito era imortalizar nestas páginas Daniel Mendes Correia Pinto… dedicado columbófilo, que está ligado à columbofilia há cerca de 75 anos sem qualquer interrupção… obrigado caríssimo pelos momentos que partilhámos. Fiquem connosco nesta leitura…
Daniel Pinto da sede do C.C. Évora
Nascido a 9 de Julho de 1930, começou como columbófilo em 1947, e encestou a primeira vez pombos com anilhas de 1948, ainda estas eram simplesmente em alumínio, o primeiro ano que as anilhas foram revestidas a plástico foi em 1960. Ao longo de muitos anos guardou os primeiros relógios e variadíssimas anilhas das varias épocas, mas foram entregues emprestadas a um amigo, mas infelizmente nunca mais foram devolvidas…. outras ainda foram entregues a Luís Pepe para as fazer chegar a Capela da Costa, exímio coleccionador, e assim nenhum deste material já se encontra em Évora.
Daniel Pinto esteve na fundação do Clube Columbófilo de Évora
Quando o nosso entrevistado chegou ao contacto com o pombo correio, tinha a colectividade de Évora sido fundada há relativamente pouco tempo, em 10 de Dezembro de 1934. Permaneceu na mais antiga colectividade columbófila de Évora até 1981. Foram muitos anos sempre ligado ás direcções, sem cargo atribuído mas um trabalhador que aguentou “o barco”, lutou pela criação, depois pelo desenvolvimento e finalmente pela manutenção da colectividade… todas as tarefas dentro das instalações estavam a cargo de Daniel Pinto, dentro e fora… cobrava as cotas, fazia manutenção, preparava todos os cestos de transporte de pombos, ainda em verga… tratava dos encestamentos, carregava-os para a estação de Comboios, seguia com eles nos vagões e cuidava das soltas no dia de concurso… foram muitos anos e muita dedicação… entretanto com a divisão dos columbófilos Eborenses, alguns permanecem na sociedade e outros saem e fundam o Clube. Os primeiros anos ficaram em casas emprestadas e em 1990 conseguem inaugurar a presente sede social.
Foi tal a dedicação à columbofilia, que Daniel Pinto nos afirma que não viu os filhos crescer, em virtude de passar o dia a trabalhar e quando saia do trabalho cuidava dos seus pombos, ou nem isso fazia, deixando as tarefas a cargo do seu filho, e deslocava se para a colectividade onde permanecia até hora de ir descansar e dormir… muitos desses dias, filhos ou esposa iam levar lhe o jantar à sede da colectividade para ele “dar à conta” das responsabilidades assumidas… já não temos desta fibra hoje em dia, caros leitores…
Deixamos a foto deste magnifico exemplar que conta com 22 primaveras, já o seu pai era um excelente pombo, também ele um recordistas, morreu com 24 anos…portanto só com este dois pombos temos quase meio século de historia columbófila de Daniel Pinto…vários descendentes têm dado muitas alegrias ao columbófilo.
Já no novo clube continua a acompanhar todas as direcções… presentemente continua a cumprir escrupulosamente e diariamente as mesmas rotinas, de visitar a sede e preparar a sala de encestamento… diz nos com muito orgulho que tem a chave entra e sai quando lhe apetece e até tem uma sala com o seu nome…
Grandes Recordações…
Com 90 Primaveras continua a tratar dos seus pombos, sendo que nesta ultima campanha tem tido a ajuda de um rapaz e por isso mesmo os resultados desportivos melhoraram. Nas fotos em baixo, algumas recordações do pombal antigo, alguns dos craques que passaram pelas suas mãos e alguns prémios amealhados ao longo de muitas e muitas campanha voadas.
Um dos troféus mais especiais que é levantado com enorme orgulho, é o reconhecimento por parte da ACD Évora e da Federação Portuguesa de Columbofilia à sua dedicação e empenho para o desenvolvimento da modalidade.
Podemos vislumbrar no fundo do seu baú inúmeras peças de museu, varias lembranças de um percurso imaculado. Reconhecido de Norte a sul do país, inclusive pelo vários directores nacionais que nas últimas décadas tiveram à sua responsabilidade os destinos da columbofilia do nosso País.
Uma panóplia de emoções à flor da pele foi o que aconteceu na tarde quente da nossa entrevista… recordações há muito e de há muito guardadas, voltaram a respirar… que inveja ser recordado assim de forma tão carinhosa e honrada. Os minutos e as horas passavam e podíamos comprovar “in loco” a relação inestimável que os columbófilos locais sentem por este senhor columbófilo… mantivemos a nossa conversa na sala dedicada aos fundadores do Clube, ali mesmo ao lado na sala do conselho desportivo afinavam se os últimos pormenores para saírem as classificações do fim de semana desportivo, e na esplanada esperavam os amadores na expectativa de um bom resultado…viveu se columbofilia.
Claro que o caminho nunca se faz sozinho, inúmeros amigos ajudaram a adoçar o percurso, pessoas como José Rato e Pequito fizeram a diferença pela positiva e tantos e tantos outros que se perdem na memoria…
Daniel Pinto para além do apoio incondicional aos clubes fez o mesmo pela sua Associação, acompanhou varias direcções, apoiou os directores em tudo quanto lhe foi possível, esteve presente na aquisição dos camiões para transportar os pombos aos concursos, foi delegado de solta mais de 20 anos. Começou ainda na Comissão Associativa, altura que estava instalada na sociedade de Évora, e os directores acumulavam cargos, continuou quando a comissão foi para Reguengos e como não podia deixar se ser, continuou na sua volta para Évora.
Mais de 20 anos foi delegado ás Exposições distritais e Nacionais. Acompanhou os pombos do distrito mais de duas décadas… recorda com emoção os anos de Gaspar Vila Nova e mais tarde José Tereso. Nunca tirou o curso de Juiz, mas ensinou muitos Juízes a classificar… e montou e desmontou muita exposição… muito trabalho ate 2010… Quando fez 80 anos, foi sujeito a uma intervenção cirúrgica ás ancas que lhe travou o ritmo… mas até então nunca virou costas ao trabalho… obrigado amigo Daniel… enquanto escrevo estas palavras volto a sentir me emocionado… obrigado pelo privilegio que o columbofilia online teve em partilhar estes momentos interessantes, ainda hoje com o peso da sua bonita idade ainda carrega caixas ao encestamento.
Recordações de uma vida columbófila preenchida…
Deixamos aqui uma curiosidade e antes de mais fazemos uma pergunta… na altura que os conselhos desportivos faziam as classificações à mão… num tempo sem telefones nem outros meios de comunicação… como sabiam estes homens a hora de solta para fazerem o seu trabalho? Pois é…deixamos a foto da transportadora que levou na pata de vários pombos estas noticias… esta está guardada com muita estima… não tive coragem de pedir esta peça de valor inestimável… talvez a próxima visita a Évora leve na bagagem alguma coragem para lha pedir… merece ser vista e explicada ás novas gerações.
Sala Daniel Pinto
O grande Daniel Pinto antes de fechar o capitulo das exposições, faz um apelo à comunidade columbófila para não acabarem com as exposições locais e distritais, porque para alem da sua beleza, é um meio e um local óptimo para divulgar a modalidade e para se tentarem captar novos praticantes… diz nos que antigamente apareciam sempre alguns rapazes a fazer perguntas e de vez em quando um deles mais tarde acabava por ser columbófilo… as exposições não podem é ser escondidas, têm de ser divulgadas e acontecerem em locais públicos e de passagem de pessoas.
Aqui sinto me como peixe na água…
A entrevista começou na sede social do CC Évora e terminou no velho pombal carregado de muitas e boas historias. Com tanta dedicação ao dirigismo… será que ainda houve tempo para se sagrar campeão e cultivar bons pombos? claro que sim…
Pombal de Reprodutores
Ao longo desta grande carreira teve dois grandes casais de pombos… reza a historia que numa solta em Évora estavam 4 vagões cheios de pombos, dois de Aveiro e dois do Porto…os columbófilos de Évora passaram quase toda a noite com os delegados dos respectivos distritos para ajudarem nas tarefas… bem cedo tudo se aprontava para a solta e o combinado era soltar 30 mn antes os pombos de Aveiro… mas abre se uma caixa do Porto e acabam por soltar todos ao mesmo tempo… foi uma loucura de pombos… nesse mesmo dia aparece um pombo com uma asa cortada do centro da cidade… foi entregue precisamente ao Daniel Pinto… este falou com Augusto José Lopes o director máximo na altura para o pombo ser comunicado… foi contactado o proprietário… foi a historia contada… mas nunca chegou a ser recuperado e acabou por ficar em Évora…
Pombal Voadores
No ano seguinte o homem dos caminhos de ferro que também andava nas soltas apanhou um outro pombo precisamente com uma asa cortada e no lado aposto do pombo da primeira historia… foi participado e era do Júlio da Fonseca… O nosso entrevistado ao ter esse conhecimento pediu a pomba ao Júlio contando a historia… e acaba por ficar com ela… faz o casal e daqui sai uma geração de pombos talhados para os concursos de fundo ao mais alto nível. Foi este um dos grandes casais que teve. O Outro Casal especial, foi-lhe oferecido por Silva Ferreira.
Interior do Pombal Voadores
“O meu”Gussman”… que emoção… já tem 22 anos… é quase da minha idade” (risos)
Foi campeão alguns anos ainda na sociedade, lembra se particularmente bem os anos de 1961, naquela altura contava ganhar 205 escudos, que era muito dinheiro, deram lhe um documento com os valores a receber e no final um envelope, só que o envelope vinha vazio (risos), tempos difíceis. O ano de 1966 também marcou profundamente Daniel Pinto….
Chegou a ser campeão da sua especialidade preferida que é o Fundo… 5 épocas seguidas… na altura com uns pombos adquiridos a António Luís Galrão, e alguns Armindos de José Mendes de Caselas. Um dos seus segredos mais bem guardados foi o facto de ter sido dos primeiros columbófilos a dar ração já feita aos pombos, na altura que o José Mendes de Caselas deu alguns ensinamentos ao António Galrão sobre rações, este comprou uma betoneira e começou a fazer misturas… o Daniel Pinto foi dos primeiros a gastar dessa ração, vinham 4 sacas por mês e devolvia as sacas para voltar a encher… vinham no comboio.
Hoje em dia tudo mudou… temos outras condições e tudo esta apoiado nos computadores e na electrónica…na foto em baixo temos o Presidente actual, Nuno Susano do CC Évora.
Mas que tarde fantástica… é um prazer e um privilegio contar esta historia… trazer ao grande publico homens como este senhor é um prazer… um grande grande columbófilo… que chegou a correr 12 km com uma anilha de borracha na mão para constatar um atleta que chegou de Barcelona… era onde estava o relógio mais perto…e ainda fez 1º lugar… maravilhoso… hoje em dia não ambiciosa grandes resultados desportivos… o seu prazer fica no trabalho e no acompanhar desta evolução que a modalidade esta a sofrer… se cada localidade… cada distrito tivesse um homem com Daniel Pinto seriamos afortunados… um bem haja… muita saúde e excelentes marcações…
Até breve…
Que Maravilha! estes Homens não podem ficar esquecidos, a suas obras têm que ser gravadas no presente para memória futura. Bem Hajam!
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Obrigado Helder pela reportagem mais que merecida sobre o DANIEL com letra maiuscula porque é asim que deve ser escrito o nome dos grandes senhores.Um exemplo para as geraçoes vindouras e para quem cá está.Um grande abraço e o meu obrigado por seu meu amigo.
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