António Almas – Redondo – Mais de 50 anos dedicados à columbofilia…
Campeão Distrital Fundo 2015 ACD Évora
Os pombos entraram na vida de António Almas ainda ele era rapazola. Filho de gente trabalhadora no campo, naturais de Alandroal onde ele fez a 1º e 2º classe. Por circunstancias da vida, os seus pais, foram trabalhar para um monte perto de “Terena”, o “Monte da Cruz Branca”, onde o entrevistado foi fazer já a 3º classe. Durante este ano, quer o António quer o seu irmão, tinham que “palmear” 7 quilómetros para cada lado, a pé só para ir à escola. Curiosamente no monte onde residia toda a família, existia uma casa desabitada que era ocupada por alguns casais de pombos. António Almas, moço de escola passava ai os seus bocadinhos livres, como se fosse o seu refugio. Os pais, “volta e meia” chamavam lhe a atenção por passar ai tempo de mais, mas aquelas aves despertavam em si curiosidade e interesse e gostava de ficar ali a observar o seu comportamento.
A família columbofilia, junto aos pombais de voo:
D. Maria e António Almas
Depois deste primeiro contacto com o pombo, os anos de escola passaram a meninice ficou para traz, começa a fase do namoro, do casamento ainda muito novo, nascem as primeiras filhas e em seguida a partida para Lisboa para cumprir o serviço militar e integrar entretanto o corpo da Guarda Nacional Republicana. Aqui nesta altura acontece o segundo contacto com o pombo. No quartel da ajuda, observava diariamente o pombal do sr. Spinola, e aquela movimentação chamava lhe a atenção, as instalações eram uma coisa digna de se ver e ele nunca tinha visto.
Uma voliere espectacular para a vitamina D e para aduzir borrachos
Certo dia pede para entrar e ver por dentro o pombal e os pombos… ao entrar viu uma fêmea vermelha que lhe chamou a atenção, que acabou por lhe ser oferecida juntamente com um macho. Este casal conjuntamente com alguns pombos oferecido por amigos da zona do Barreiro, foram os seus primeiros pombos. Com a saída de Lisboa e o regresso ás origens esses pombos acompanharam a família até ao Alentejo para a vila do “Redondo”. Do Barreiro seguiram pombos de António da Silva, um grande amigo, também pombos de João Sinogas, o sr Amável…e tantos…tantos amigos que lhe ofereceram pombos.
“Gaby Velho”- Pombo Base da colónia
A sociedade do Redondo foi fundada em 19 de Agosto de 1964 e António Almas entrou nela como presidente da Assembleia Geral em 1984. Era uma casinha pequena com uma secretaria onde se faziam todos os apontamento sobre a chegada dos pombos à mão e depois dai mandavam-se todas as folhas para o Sr Júlio Bandeira em Moscavide, onde eram feitas as classificações. A colectividade tinha um outro espaço onde se faziam os encestamentos. António Almas já na altura achava que não era confortável estar ali a tirar um petisco ou a beber uma cervejinha, no mesmo sitio onde estavam os pombos. Certo e determinado dia em conversa com o Dr Cabeças pensaram em voz alta na possibilidade de expor o assunto ao presidente da Câmara.
Corredor frontal dos pombais de voo
António Almas GNR de profissão, andava na sua ronda à vila, quando se depara com o presidente da câmara e o vereador, juntos… uma altura perfeita para abordar o tema outrora pensado: “sr Engenheiro, calha bem encontra-lo aqui ao pé da colectividade dos pombos. Gostava de lhe mostrar aqui uma coisa” “Estamos com pouco vagar hoje… andamos à pressa” mas o Almas insistiu…abriu a porta da colectividade num único gesto e saiu de lá de dentro uma baforada enorme… em pleno mês de Agosto… parecia um forno…e o presidente retorquiu: “mas o que é isto”? António Almas: “é precisamente isto que eu lhe queria mostrar, acha que isto tem condições para estarem aqui mais de 20 pessoas, com os pombos todos ai dentro…?
Pombal Fêmeas destinadas ao Fundo
Há alturas que as coisas têm que acontecer, o presidente revelou desconhecer tal situação e deixou em aberto que ia estudar o caso. Nessa mesma noite António Almas na qualidade de presidente da Assembleia, procurou e falou com o sr António, na altura presidente da direção do clube, pô-lo ao corrente de tudo, não querendo passar por cima da ninguém, e disse lhe: “acho que devemos dar passos no sentido de melhorarmos as nossas condições na sede da colectividade, o caminho esta aberto, com a câmara Municipal, de agora em diante há que fazer algumas diligências… mas o presidente António, entregou esse processo a quem o começou: ao Almas e os passos para a concretização do processo ficaram a seu cargo.
Passaram alguns dias e o vereador entrou em contacto e disse que já tinha uma ideia que podia resultar. Falou num antigo matadouro que estava desactivado. Marcaram reunião para observar o local. Foi novamente contactado o presidente da direção que entregou em definitivo todo o processo a António Almas para decidir e fazer por bem o que achasse melhor. Foi observado o local, e claro está que o espaço estava adaptado para o efeito que tinha sido construído, mas a câmara disponibilizou-se para tratar das bem feitorias para ficar dentro das expectativas e necessidades dos columbofilos. Foi recuperada uma sala grande que ainda lá esta hoje em dia, foram feitos dois gabinetes e aproveitado um espaço grande livre onde se faziam e fazem os encestamentos…e assim com a melhoria das condições aumentou o numero de concorrentes, passou a haver muito mais convivência e alguns eventos ligados à modalidade começaram a ser levados a cabo… e assim se tem mantido até aos dias de hoje. No ano de 2018 foram 17 concorrentes na “Redondense”, mas em outros tempos foram bem mais.
Secção Machos de Fundo
Em 2005 a direção demitiu se e António Almas passa nessa altura a presidente da direção, e assim se manteve até 2007. Nesse ano foi contactado por columbofilos do Alandroal no sentido de os ajudar a criar uma colectividade nessa localidade, já que tinham muitos columbofilos na vila, iam encestar a Vila Viçosa e começava a justificar se terem o seu próprio clube e espaço. Pediram uma sala emprestada à junta de freguesia para realizarem uma reunião e lá foi o Almas. Foi lá encontrar 23 pessoas já no interior da sala, o que o surpreendeu pela positiva, chega mesmo a perguntar ao Sr Carvalhinho que foi na altura presidente da direção… se todas aquelas pessoas estavam mesmo interessadas em ajudar a criar um clube e entrar nele.
Pombal Machos competição: velocidade e Meio Fundo
O Almas estava por dentro dos procedimentos e custos para nascer um novo clube, fez uma apresentação de tudo isso… toda a gente disse que sim… mas era preciso dinheiro para arrancar, fazer estatutos, escritura publica etc etc, a compra das primeiras caixas etc etc…decorria o mês de Agosto, ou seja já o ano ia a meio, mas surge esta proposta: e se todos nós pagássemos as cotas do ano inteiro, começando já a contar do Janeiro anterior…todos concordaram e avançaram com a ideia. Recebeu se o dinheiro de todos que deu para a escritura e para dar os primeiros passos. Dai em diante foi se avançando passo a passo…
Até a compra das caixas foi possível… adquiriram a 10 escudos cada uma, compradas à associação que na altura era tinha como presidente José Francisco Coxo, este dinheiro foi adiantado pelo Almas que viria a ser ressarcido mais tarde. Entretanto surgiu o problema da sede. Foi necessário ir para a Câmara Municipal tentar uma solução e falar com o Presidente da altura. Foi pedida uma sala de aula da antiga escola primária que estava desactivada. Foram ver o espaço , servia, e dai para a frente passou a ser a sede social da nova colectividade fundada a 16 Dezembro de 2007. Em 2008 já fizeram campeonato, tinham 7 sócios a concorrer. Passado dois anos estavam com 23 concorrentes. António Almas ficou como presidente da direção.
Anda cá meu menino…
Entretanto a escola foi pensada para um novo projecto por parte a Câmara Municipal e foi equacionado um novo espaço e proposto pela autarquia. a ideia era deixarem o 1º andar na escola e passarem para um rés do chão mais adequado ao transporte das caixas nos encestamentos. Mas desta vez estava em vista uma grande empreitada. Desde este momento até à altura que o novo espaço ficou em condições adequadas, passaram 2 anos. No inicio tinham apenas um pequeno gabinete e combinavam todos os fins de semana aparecerem na nova sede, todos os que pudessem. Apresentavam se para trabalhar no duro… e não falhavam. Cavaram quase 2 metros de entulho em determinados lugares…
Nesta altura do ano esta secção está ocupada com os borrachos
…dois anos muito complicados…ninguém recebia um tostão…o que se faziam era uma boa patuscada, um cosido de grão, uma sopa de tomate, uma feijoada, que era confeccionada pelas esposas dos que estavam envolvidos na reconstrução e no final de cada dia de trabalho era degustado por todos. Eram convívios espectaculares… hoje estão ali 5 salas fantásticas… mas saíram do “cabedal” dos columbofilos. Assim se conseguiu, com muito esforço e empenho de muitos. O amigo Almas foi ai presidente até 2009, altura que regressou ao Redondo como presidente da Direcção, cargo que ocupou até 2017. Ao todo foram mais de 30 anos como dirigente. Ocupou cargos também a nível da Associação distrital por duas vezes. Primeiramente com José Francisco Coxo, na mesma altura António Pessoa era presidente da Assembleia e António almas o secretário. Mais tarde integrou também a equipa com Domingos Passinhas na qual desempenhou o papel de tesoureiro.
Foi Juiz classificador local, classificou pombos em Estremoz, Évora, São Pedro do Corval, Mora etc. Esteve envolvido em inúmeras exposições Distritais de forma activa, nomeadamente na de Estremoz, que foi também exposição nacional, fez a do Alandroal e participou na organização de mais 3 no Redondo, a ultima foi em 2010. Quanto a festas anuais de entrega de prémios dos clubes onde era director, perdeu lhe o conto, esteve sempre dentro da engrenagem ano após ano sem excepção… é muito evento organizado por este homem… quanto deve a columbofilia a António Almas…? Como lhe podemos agradecer?… haverá forma? Mais de 50 anos de grande empenho e dedicação, o seu percurso deixará uma marca muito positiva, sem sombra de dúvidas.
Pombal Fêmeas de Velocidade e Meio Fundo
Leilões de grandes dimensões também foram organizados pelo nosso entrevistado… muitas iniciativas foram realizadas sempre tendo como objectivo ajudar as colectividades ou de as levantar de situações financeiras difíceis, nomeadamente uma certa vez que o “Redondo” estava numa situação muito difícil, resolveu em conjunto com um senhor que era o Domingos Barrinha que era musico, fazer um baile. O “Barrinha” conseguiu agregar um conjunto de amigos todos eles músicos que faziam parte de uma banda na altura chamada de “Base”e realizaram a festa onde é hoje o centro cultural. Entraram de serviço ás 7 da manha e no outro dia as 6 da manhã ainda continuavam a pé, tratando de todos os afazeres… quem é que hoje em dia, faz um sacrifício destes por uma colectividade? Deodato, António Carrapiço, Pantão, António Correia, fundador numero 1, Barrinha e outros, alguns deles infelizmente já partiram… mas todos eles trabalharam muito para reerguer a colectividade do “Redondo”. Esse dia foi um loucura, chegou a vir um autocarro do Barreiro cheio de columbofilos que quiseram contribuir para esta iniciativa dar certo. O clube ficou com uma saúde financeira invejável.
Pombal de Reprodutores
Chegamos a uma nova faceta de António Almas, a de leiloeiro. Os amigos Rito, Eulálio e o Sinogas pediram lhe para leiloar uns pombos na colectividade deles e ai vai ele a caminho do Barreiro. Fez vários leilões, mas este em especial está bem vivo na sua memoria, foi no dia 30 de Agosto. O caminho até ao destino final foi atribulado, desde ter sido multado no caminho por excesso de velocidade, num momento que ia distraído, a ter ido levar os seus pais a Setúbal a casa da sua irmão com um transito complicado e algumas peripécias muita coisa aconteceu naquela viagem. Contavam com a sua chegado ao leilão as 13h, mas acabou por chegar já passava das 14 horas, todos já estavam em cuidado… Mas correu muito bem… foi espectacular… correu tão bem que até caixas vazias se leiloaram… a partir desse dia, a amizade com o Barreiro, ficou ainda mais consolidada. Era uma altura que se trabalhava para as coisas acontecerem… “éramos uma família… havia convívios…hoje em dia é facebook e cada um esta na sua casa e nem se fala em fazer alguma coisa nas colectividades.”
Tantos anos ligados à columbofilia não só como excelente dirigente mas também como praticamente. Como amador alcançou excelentes resultados, tanto a nível de colectividade como no distrito de Évora. O ano de 2015 foi o ano da concretização de um sonho. Um homem que gosta de todas as especialidades, mas que tem um sentimento especial com o fundo, ter-se sagrado Campeão distrital nessa especialidade e ainda ter a melhor ave de fundo em todo o distrito no mesmo ano, é uma sensação óptima, um alcançar de um objectivo de vida.
Vista parcial da sala de Troféus
Fazendo um périplo pelos pombos que marcaram a vida deste columbófilo e pelos que fizeram a diferença na competição, não podemos deixar de repetir e falar no casal que veio do Pombal do Quartel da Ajuda em conjunto com os primeiros pombos do Barreiro, que foram os seus primeiros pombos, depois mais recentemente entram os Gabys que vieram lá de fora, através do sr Manuel Ferreira que os trouxe directos da origem, depois os Sentinelas de Sarilhos do Mister “Quim”, entretanto introduziu a linha do “rambo” via CIC, os Simons, um ponta de Lescaliers e Belgas do Xico e mantém-se dentro dessas origens, cruzando os melhores entre si. O pombo que venceu o distrital de Fundo em 2015 é um pombo Sentinela X Lescalier… e para referencia futura fica a memoria de uma fêmea Zimerman via Domingos Sousa, também ela uma base neste pombal.
Vão se preservando os sangues antigos, alguns em consanguinidade.
Palavras mais para quê… fico emocionado só de pensar em todo o percurso que este homem sempre acompanhado da sua esposa fez ao longo de mais de 5 décadas em prol das colectividades, columbofilos e ao fim ao cabo da columbofilia Nacional. Um exemplo como dirigente, homem e columbófilo…é um orgulho poder dizer que sou seu amigo e um prazer enorme ter feito esta entrevista. Um bem aja a toda a sua família e amigos…um beijinho à senhora Maria… a cervejinha estava óptima…
Um abraço amigo António….
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Isto é o ADN da columbofilia um amor ao pombo correio Fico feliz por isso continuação de muitos sucessos ao sr.Almas e sua esposa d.Maria muitas felicidades junto de família e amigos
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Um grande abraço ao meo amigo António Almas.Estas linhas fizeram-me lembrar com saudade velhos tempos. Muitas felicidades.
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Tal como o Helder terminou “palavras para quê” estamos perante uma referência do Distrito de Évora, se mais Almas houvessem certamente que a columbofilia do nosso distrito estava muito melhor! São pessoas como o Sr Almas que mantém a
Máquina a funcionar!
Parabéns pelos resultados e obrigado por tudo o que tem feito pela columbofilia!
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