Mário Duarte – Alhandra – Lisboa 83 anos – 71 campanhas voadas sem paragens
Mário Domingos Teixeira Duarte, nascido em 1935 em Alhandra onde cresceu, vive e concorre com pombos correio, na rua D. Tomaz de Almeida. Conta hoje com 83 primaveras, das quais 71 sem qualquer intervalo, ou paragem, deve ser uma conta difícil de igual. Deixamos mesmo o desafio aos nossos leitores, se alguém consegue trazer a publico algum columbófilo que supere este numero em todo o nosso Portugal.
O seu pai nunca teve pombos, logo a influencia e os primeiros passos ao lado de pombos não partiu dai. Por cima de si vivia um lavrador, e o filho dele que era da idade do Mário já tinha pombos, enquanto o nosso entrevistado tinha algumas rolas. Nessa altura havia uns carros que eram o Fiat Balilas que tinham uns filtros de ar que tinham umas anilhas e foi assim que começou a anilhar os seus primeiros pássaros. Os rebuçados da bola que compravam nesses tempos eram colocados nessas anilhas e iam soltar os pombos dos vizinhos em conjunto com as rolas, distante de casa e as rolas como não voavam muito e vinham rentes aos telhados regressavam rapidamente a casa. O Mário Duarte tirava o papel que vinha na anilha e ia mostrar aos vizinhos e assim ganhou os seus primeiros prémios que eram pagos em comida para as suas rolas que vinha da casa de cereais desse bendito lavrador e assim foi fazendo um pequeno armazém de sementes que possibilitou entretanto adquirir os seus primeiros pombos.
Interior da colectividade Alhandra onde ainda hoje Mário Duarte encesta os seus pombos
Foi o amigo Diamantino que lhe arranjou os primeiros borrachos, depois chegaram mais alguns de outros amigos locais, mas foi sempre difícil mantê-los porque o “dinheirinho” era pouco e tinha de andar ao papel e cartão para vender e arranjar uns tostões para pagar a comida dos pombos. Vidas difíceis, tinha que se lutar diariamente, ao contrario dos meninos de hoje em dia, que quando se parte uma tablet, compra se outra e um computador. Foi desta forma que tudo começou e o bichinho do Pombo correio entrou no sangue do nosso entrevistado.
A primeira campanha que fez foi em 1947, já no clube de Alhandra, onde concorreu sempre. A origem dos seus pombos nessa altura segundo as suas palavras eram pouco faladas, hoje em dia existem muitos nomes sonantes, mas na altura era diferente, começava se com pombos dos vizinhos e de amigos dentro da mesma colectividade ou colectividades vizinhas e o caso do Mário não foi diferente. Só que desta maneira também era difícil começar a ganhar.
Aquela foi a minha “80” – Campeã Nacional e 3º Olímpica
Quando começou a trabalhar foi realmente quando teve os seus primeiros pombos bons. Trabalhava na MAGRE, sociedade de empreitadas Luís Damaia e Vaz Guedes, onde era um trabalhador exemplar e chegou a chefe de Maquinas, altura que convivia com o Engenheiro Vaz Guedes, e com o seu pai da Columbofilia, Américo Esteves, um alfacinha que estava nos escritórios dessa mesma empresa. Este senhor tinha um colónia fora de serie, o seu patrão Vaz Guedes, tinha um pombal perto do aeroporto, tinha pombos dos melhores amadores mundiais, com a ajuda do seu amigo José Maria da Silva que tinha os contactos lá fora, ajudava o a reunir o melhor que havia na columbofilia, por seu lado essas linhagens chegavam ao Américo e logo depois vinham para Alhandra para a casa do Mário.
Américo Esteves, vários anos presidente da Associação e campeão vários anos em Lisboa, foi realmente o pai quer na formação da colónia e no arranjar pombos de qualidade como no maneio da mesma, e enquanto trabalhou com o seu amigo na empresa, a base foi sempre dai, esses pombos foram cultivados durante muitos anos. Antigamente não se falava em produtos, naquela altura trabalhavam com as misturas e percentagens de cada tipo de sementes que juntavam e administravam aos pombos, os segredos eram esses na altura.
Os anos passaram e dia após dia estava mais preparado e confiante para lutar por títulos, e não foram poucos ao longo da sua carreira, não há columbófilo em Alhandra que não saiba que Manuel Duarte foi 30 anos campeão. Diz nos que hoje em dia não consegue ganhar à malta mais nova, mas continua a fazer fitas bastantes interessantes e a fazer bons resultados semana após semana. Conta com a ajuda de seu irmão, Dionísio Duarte, sem o qual tudo seria muito mais complicado.
A altura crucial, que se deu um retrocesso na qualidade da colónia e por sua vez o deixar de estar em primeiro lugar foi o facto da sua colónia de reprodutores ter sido toda roubada, passaram entretanto 8 a 9 anos e dai para cá, a idade a pesar nas pernas levou a estar a ser difícil recuperar desse embate. Ficaram apenas alguns voadores que tiveram que passar a ser a base dai para frente. Esses pombos roubados ainda eram pombos do Américo e alguns deles já cruzados aos Armindos, que foram das introduções mais interessantes que fez.
Hoje em dia faltam as forças, em novo quase semanalmente os pombais eram caiados com cal e cloreto, sempre pela sua mãe, senhora essa que sempre acompanhou o seu percurso. Na altura da tropa ajudava-o no maneio da colónia, e colocava a equipa de competição à frente quase da sua vida, para que nada falhasse fazia muitos sacrifícios.
Para alem de concorrer em Alhandra, ainda foi ao Sobralinho, ao Clube de fundo do conselho de Vila Franca de Xira, onde foi campeão e conseguiu a proeza de ser o primeiro columbófilo a ganhar dois anos seguidos e foi mesmo à colectividade de À-dos- Loucos onde foi também campeão.
A cereja no topo do Bolo, o coroar de uma vida dedicada à columbofilia foi ter possuído uma campeã como a “80” uma fêmea oriunda em parte nos Armindos que foi simplesmente um fenómeno e deixa uma geração a seguir a ela, foi Campeã Nacional de Fundo e medalha de bronze nos Jogos Olímpicos : 1266080\90
A sala de troféus é simplesmente espectacular, todas estas taças são rigorosamente limpas duas vezes por ano, como se de um santuário de tratasse, isto faz parte da historia da columbofilia de Lisboa.
Nesta parede, estão imortalizados alguns dos craques que passaram pelos seus pombais, com as referencias aos títulos ganhos nas zonas e nos clubes onde concorreu.
Ao longo da sua vida dedicou muito do seu tempo à colectividade como dirigente, foi muitos anos ali presidente e desempenhou todas as funções possíveis, esteve na compra na actual sede, que era um antigo armazém, nas obras realizadas, que a tornaram naquilo que é hoje, um edifício moderno, esteve na aquisição do carro de transporte etc etc … a sua vida é sem duvida um marco histórico em Alhandra e em Lisboa. Foi director também do Clube de Fundo e inclusive já foi reconhecido publicamente pela Federação portuguesa de columbofilia pelos seus valorosos préstimos à columbofilia e mais recentemente, já no mandato de João Morais à frente da ACD Lisboa foi homenageado na gala anual de entrega de prémios da Associação. Uma vida preenchida de positivismo, trabalho, perseverança e amor ao pombo…não me canso de dizer…quem competiu 71 anos seguidos sem nunca parar?… atitudes como a sua direção teve, jamais podem ser esquecidas, por exemplo adquiriram relógios de bater em quantidade suficiente para todos os amadores poderem ter um em sua casa, os columbofilos não podiam pagar tudo de uma vez… iam pagando a pouco e pouco… numa altura que chegaram a estar activos em Alhandra mais de 70 aparelhos… fantástico.
A foto que acabamos de ver mostra Mário Duarte atrás de um conjunto de troféus ganhos todos num só ano e na companhia de seu irmão…uma foto com historia e muito sentimento. Na altura iam ao comboio levar os pombos…tudo era mais difícil…mas tudo sabia melhor…
Frente dos Pombais de competição
Aos 83 anos, enche a boca para dizer que diariamente limpa o seu pombal, levanta todos os estrados, e aos fins de semana, ainda lava tudo, realmente entrámos num pombal perfeitamente cuidado, limpo e um ambiente muito agradável…quem sabe…sabe… uma vez columbófilo…columbófilo para sempre…
Casal Base n.º 1
Para além deste casal conta com mais 11, e deste grupo de pombos é que saem todos os anos cerca de 40 a 50 borrachos para a campanha seguinte. Estes reprodutores já são netos dos pombos que foram roubados.
A rotina dentro do pombal passa por voar os dois bandos duas vezes por dia, sendo que no inicio da campanha o treino chega a 60 minutos de cada vez, e nesta altura do ano é reduzido para metade, duas vezes ao dia 30mn, na opinião do mestre é o suficiente. Alimenta duas vezes também por dia e escrupulosamente desde o pombal de competição aos reprodutores são higienizados diariamente e em alguns casos mais do que uma vez por dia.
Interior do Pombal de Reprodutores
Sempre que pode deixa o pombal vazio, encesta 25 pombos por exemplo a velocidade ou Meio Fundo e os restantes vão ao treino da colectividade… o treino tem de ser o mais próximo da competição, voar à volta do pombal não é a mesma coisa.
Um outro casal que faz a diferença no seu pombal
Pombal de fêmeas de competição
A relação do columbófilo com os seus atletas é extremamente interessante, uma proximidade e uma cumplicidade difícil de ver nos dias de hoje, realmente estão bem educados e calmos, sem duvida um sinal da mestria do dono.
Outro casal de eleição
Pombal de machos voadores
Aposta menos nos machos, e de ano para ano apenas ficam os muito bons, enquanto nas fêmeas o crivo é menos apertado.
Linda fêmea, uma pérola na mão… muito bem cuidada
Espero que o nosso entrevistado não fique aborrecido connosco, mas os seus amigos tratam no por “Rato Branco” e é assim que é conhecido no mundo dos pombos, e é assim que vai ficar na historia e no seu percurso como amante da columbofilia, dirigente, columbófilo campeão e amigo… não leve a mal escrever aqui a sua alcunha.
Foi sem duvida um enorme prazer conhecer este amigo e escrever estas palavras. Só ficamos com pena de não conseguirmos contar a historia mais pormenorizada, sobre o seu percurso, mas as 83 primaveras trouxeram algum esquecimento, muitas das partes e historias, ficaram esquecidas, a vida e o tempo não perdoa, é a mais pura verdade. O autor adorava chegar a essa bonita idade com o discernimento do Mário e ainda ligado aos pombos de forma activa, seria sinal de uma vida boa e um realizar de um sonho. Mas nem tudo está esquecido, algumas ficam aqui mencionadas, como por exemplo falar no tempo em que as caixas eram de verga e o Mário e os outros columbofilos, iam semanalmente ao rio lavá-las… depois com a chegada das caixas de ferro era o Mário que as reparava sem qualquer custo… diz.-nos que hoje em dia o associativismo deve ser repensado… só se faz alguma coisa mediante pagamento, na altura até o bar da colectividade era gerido pelos columbofilos sem haver necessidade de se pagar ao homem do balcão. Outras historias estão perdidas no tempo, talvez com mais vagar e se pudéssemos acompanhar este senhor columbófilo durante vários dias, talvez as coisas fossem surgindo, mas foi o possível da nossa parte. Resta nos desejar os melhores resultados possíveis, e que continue a somar campanhas umas atrás das outras, e que as pernas vão permitindo circular e realizar as tarefas diárias. Um bem aja pela sua dedicação, por nos ter recebido de braços aberto e nos dar algum do seu tempo. A columbofilia em geral agradece-lhe pela sua existência e pelo seu amor ao Pombo Correio.
Se um dia poder queria ter um de seus pombos aqui a reprodução
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Em tempos fui columbofilo e tive um pombo Zé Maria, como se chama-va à raça, era Azul. Filho de uma fêmea Azul também. Tantas alegrias me deu, foi à tanto tempo, anos setenta. Bem haja a este Senhor.
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Eu ainda tenho uma pomba com 14 anos a encher os dois ovos a mae foi dada pelo senhor ratu branco au rui monteiro da alverca era uma pedrada de 1995 tive um filho dela de 1999 muito bom sao pombos muito bons ainda o ano passado a femia filha desta com 14 anos cruzada com um pombo fodinhas do senhor Carlos Rosso ganhou anilha de ouro de meiu fundo i este ano so falho este meiu fundo
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