Luís Pepe – Uma vida de Columbofilia
Uma vida de Columbofilia… Luís Pepe, uma referência nacional da Columbofilia. Visitámos este nosso amigo numa tarde de grande calor mas foi uma visita que nos deu um prazer enorme. Estarmos na presença deste senhor e podermos privar com uma personalidade mítica no nosso Desporto é realmente vigorante. Na realidade passámos algum tempo de qualidade. Obrigado pela recepção.
Vista Frontal Pombal Competição
Desde o inicio do seu percurso como columbófilo, Luís Pepe, somou grandes títulos e muitas alegrias. O seu auge é alcançado sensivelmente até ao ano de 2004, entretanto dai para cá as coisas ficaram diferentes em termos competitivos, os filhos cresceram, precisavam de outro tipo de apoio, a saúde entretanto começou a pregar algumas partidas e tudo teve de ser rectificado e as prioridades tiveram que ser alteradas, mas falemos um pouco de um percurso fantástico deste grande amador multifacetado: Columbófilo, dirigente associativo, federativo e claro também director nas sociedades e clubes onde passou.
Vista interior Pombal Reprodução
O Luís iniciou o contacto com a columbofilia tinha 14 anos, andava a estudar e não havia autorização para ter pombos, ditado antigo: casa de Pombos… casa de Tombos… e como tal contornou a situação. Através do escutismo conseguiu chegar à columbofilia. Como escuteiro em 1968 tratou de tudo para o agrupamento ter um pombal e começar a criação de pombos. No ano seguinte deixa o campo e a sua família ruma à cidade, acabam se os pombos nos escuteiros e vai para tratador dos pombos do sr Manuel Cartaxo, onde ficou cerca de dois anos. Passado este tempo a convite do Sr Baltazar rumou a nova paragem e foi tratar dos pombos desse columbófilo, que tinha um talho na praça e não podia acompanhar os pombos nem receber os atletas de concurso… este pombal foi uma escola de columbofilia para muitos e bons columbófilos e para o nosso entrevistado também. Nesse primeiro ano foram logo campeões de velocidade, pese embora os pombos estarem muito bravos e perderem muito tempo nas entradas… foi uma grande surpresa para o proprietário, mas também grande foi a motivação dai em diante. No ano seguinte O sr Baltazar inscreveu os pombos em nome dos dois, como forma de agradecimento pelo feito alcançado.
Veio então a altura da tropa, seguido de casamento e procura de uma casa… mas na altura as rendas estavam muito altas ainda por cima, para encontrar uma com quintal… pensou num local onde os seus avós tinham morado em tempo, um lugar com todas as condições, mas foi- lhes recusada… no entanto passado uns dias…começam a comentar que a casa seria ocupada… estava sem moradores e os tempos políticos assim o obrigavam… a senhora pensou que ocupada por alugada…vamos alugar e fica lá alguém conhecido em vez de um qualquer desconhecido e foi assim que o nosso entrevistado chega à sua primeira morada. Nos primeiros anos a rendeira não queria lá os pombos e os amigos do Luís apertavam com ele, dizendo lhe que só não tinha pombos por medo de não ganhar nada etc etc… tanto bateram… e tantas vezes o inquilino falou com a dona da casa que o sonho se tornou realidade… nasce o seu primeiro pombal.
Um Macho 100% Janssen, que foi um excelente voador de velocidade e meio Fundo entretanto começou a dar bons sinais no fundo também , mas pelo facto dos seus irmão terem ficado no campo de batalha…passou à reprodução.
Logo no principio e desde sempre foi um homem acarinhado pelos seus parceiros, era moço novo mas já nessa altura fazia as contas ás medias dos pombos e trabalhava no conselho técnico. Pela sua postura e dedicação, todos quiseram ofertar lhe alguns borrachos para ele começar… na primeira campanha… recorda com emoção um concurso muito duro de S. João da Madeira… não havia telemóveis nem os meios de comunicação que existem hoje e não sabia como estava a correr a corrida para os restante participantes… mas nesse concurso, recebe o primeiro pombo apenas na quinta feira depois das 19h00… com solta no Domingo… de todos os enviados acabaram por regressar nove pombos… arranjou mais alguns borrachos que não voaram no ano seguinte, foram guardados e os nove regressados, fizeram a campanha seguinte… foi Campeão de Meio Fundo… o primeiro titulo de uma longa carreira… no ano seguinte foi campeão Geral na sociedade em Évora. Hoje em dia existe a sociedade e o Clube na mesma cidade, mas na altura existia apenas a sociedade… campeão geral em 1979 e 1980… por estes anos acontece a divisão… os columbófilos da cidade dividem-se uns pelo novo clube e outros mantém se na sociedade… altura que Luís Pepe acabou com os pombos… com tanta insistência dos amigos volta a arranjar pombos em 1984… iniciou em 1985 e ganha logo o primeiro concurso da época.
Vista Interior do Pombal Competição secção Machos
Nesta altura da vida, o seu pombal já estava implementado onde esta hoje, e acontece novo revés… numa noite fatídica… uns cães de caça entram nas suas instalações e matam todos os pombos…o Luís resolve fazer um investimento e começar com o pé direito, decide comprar 18 Borrachos a António Galrão… tinha ido à Malveira, tinha feito o negocio e regressou a Évora com a caixa de pombos… sorriso na cara e uma animação crescente. Ao abrir a mesma, constata que não vinham os 18, mas sim 22 borrachos, tirou os números dos que estavam a mais e ligou de imediato ao “Galrão” … deixa-os estar, esses eram para mim… mas ficam ai que eu entretanto mando-te os títulos… foi o que ouviu do outro lado do telefone… Só anos mais tarde ficou a saber que eram filhos do “Belguita”. Sagra se campeão em 1985.
Os Columbófilos locais desafiam-no a mudar se para o clube dizendo que apenas era campeão porque estava na sociedade… aceita o desafio…muda-se e é campeão 3 anos seguidos… na quarta temporada decide não concorrer e refazer a equipa… em Évora nas festas de distribuição de prémios o campeão sentava-se ao centro da sala e respondia a algumas perguntas… dessa vez perguntaram-lhe se no ano seguinte não ia “voar” por medo… e o Pepe respondeu que iria voltar mas que no ano seguinte… quando regressou foi campeão 5 anos seguidos. Os “Belguitas” do Galrão brilharam ao mais alto nível, bem como a descendência de um grande pombo do “Noninhas” da Costa da Caparica, descendência de um macho janssen de orla rosada, filho de um casal de janssens que Fernando Lourenço do Monte da Caparica tinha comprado, e tinha por sua vez oferecido um filho desse casal ao “Noninhas” que o acasalou a uma pomba Eloy do Zé Mendes de Caselas, que com a morte do columbicultor foi vendida para o Vimieiro no Alentejo… um filho deste casal veio para Évora…esse borracho logo no primeiro ano ganha duas corridas, faz um 6º, um 8º, um 19º e um 31º, no final da campanha, tirou lhe dois filhos, no ano seguinte entre os filhos e o pai era “matemático” entravam directos no pombal à chegada de concursos, chegadas com as janelas abertas…foram os responsáveis pelo titulo desse ano…também estes deixaram uma geração de pombos ganhadores.
A nível do distrito
4 vezes Campeão Geral
3 vezes Vice Campeão
Corredor Frontal das várias secções de Voo
Foi tirado directamente para a reprodução, filho de uma Janssen Antiga da prata de casa com um Janssen do amigo “Covas”, dos cabeças Brancas, já tem uma filha com 1º primeiro distrital.
Ao longo do seu percurso, outros pombos entraram e vieram acrescentar algo de bom à sua raça. Quando o clube em Évora foi feito, o famoso e inesquecível, Alexandre Mendes Gordo ofertou 20 borrachos e o Artur Gomes 10 borrachos para se realizar um leilão para ser colocado o telhado… tudo correu bem, os pombos foram comprados… foram voados nos novos pombais, mas passava o tempo e nenhum aparecia a fazer qualquer proeza… já se falava que não tinha vindo nenhuma qualidade na altura…ou as pessoas não se davam ao conhecimento ou não davam feed back dessa qualidade… alguma coisa se passava, os próprios ofertantes estranhavam o silencio chegando mesmo a queixar-se ao dr Xitas Martins que os seus pombos não vingavam no Alentejo… faziam a diferença em muitos lugares distintos do País, menos ali… o Dr Xitas Martins disse-lhe então: “põe alguns em casa do Pepe e ficas logo a saber…” em pouco tempo, Alexandre Mendes Gordo telefona ao Pepe e dá lhe o seguinte recado: “Agarra na tua mulher, numa caixa e vem ter comigo cá a casa…” e assim aconteceu. Era do conhecimento público que na altura pombos deste pombal saiam a 25 contos cada… 125 euros… muito dinheiro para a época.
Secção I Fêmeas Competição
Nesse dia estava o conhecido “rato Branco” la também, e em cada ninho estavam dois borrachos, o lisboeta escolhia um e o outro o Alexandre colocava dentro da caixa do Pepe… até que já eram alguns e o Pepe a ver que o dinheiro não chegava para aquela extravagancia… interpelou o dono do pombal que o orçamento não dava para tal…”mas alguém pediu alguma coisa…” respondeu o Alexandre… acaba por lhe oferecer cerca de 10 borrachos… almoçaram, conversaram bastante e rumaram a Évora alguns atletas que vieram fazer toda a diferença. Ficou logo conversado que passado 15 dias voltaria novamente e traria a caixa também… O Alentejano fica eternamente agradecido por esta atitude e percebendo durante o repasto que Alexandre Mendes Gordo gostava da samarra alentejana e até achava boa ideia encontrar uma para a sua neta… na visita seguinte rumam a Lisboa 4 pequenas samarras alentejanas de onde seria uma escolhida…esta atitude veio aproximar ainda mais os amigos e nessa viagem vêm alguns pombos de grande nível… entre eles um “Cobut” que nasceu assim: de uma pomba do Prates de Vendas Novas, “Cobut”, acasalada a um macho também “Cobut” de David Seco de Coimbra que ofertou dois filhos deste casal ao Alexandre… sairam dois machos, um deles veio para Évora nesse dia… foi um dos grandes pombos de Luís Pepe… trouxe uma fêmea também que tinha sido ofertada pelo irmão na altura do Dono da estação de criação da natural na Belgica ao Alexandre… esta pomba acasalada com o Cobut… por indicação do ofertante… veio a dar um casal de eleição…
Secção II Fêmeas Competição
Este Pombo linha dos Vermelhos Fabrys de Cachopas & Madeira… uns pombos de ataque em Évora, muito bons voadores. O seu amigo Cachopas ofereceu-lhe um irmão da vermelha campeã e por sua vez um filho dela foi enviado para o Derby Solidário de Évora, onde fez uma excelente prestação e no final aquando do leilão foi adquirida por um amigo seu, o Hugo que ao saber que o Pepe estava a perder o sangue, lhe ofereceu uma filha…que é esta da foto.
Presentemente no pombal de reprodutores habitam 5 atletas de César Timoteo, que estão a iniciar o seu percurso nesta casa, quatro de Mário Real, José Manuel & Filhos, dois machos Gabys do Peixoto, 3 machos Van Loon do Dr. Cravo e alguns alados de Pedro Barradas.
Como dirigente começa a desempenhar funções na sociedade logo no conselho técnico, depois mudou se para o clube e continuou ai as mesmas funções que já desempenhava anteriormente, depois passou para a direcção onde ocupou todos os cargos possíveis, inclusive o de presidente… mais tarde passa para o conselho Fiscal.
Foi director na Associação Columbófila do Distrito de Évora muitos anos ocupando o lugar de presidente do Conselho técnico e chega à Federação Portuguesa de Columbofilia com o professor Branco… dai para cá nunca mais saiu da Federação, ligado essencialmente ao conselho de Juízes e neste momento no Conselho de arbitragem… e continua… desde sempre e até sempre uma vida de Columbofilia… O seu primeiro cartão de classificador é de 1992.
Uma Sala abençoada de Troféus
Desde os 15 anos de idade que aproveitando as exposições locais, acompanhava os juízes e o seu trabalho. Nesta altura Évora chegou a ter 14 exposições mais a distrital, os nomes sonantes que seguia eram: o sr Carreiras, o sr. Faustino Caeiro, o Sr Ferro, Victor Martelo e o sr Capoulas. Começou como suplente e depois passou oficialmente a Juiz Classificador. A nível Nacional foi fazer exame à exposição nacional com 20 anos e dai até aos dias de hoje nunca fez uma paragem à excepção do ano que foi operado ao coração, inclusive chegou a Juiz internacional. Foi a duas Ibéricas, à África do Sul e à Polónia., sempre que possível na companhia da sua esposa Teresa.
Dois Troféus muito especiais
Este pombo resultou de um pedido de um amigo em trazer a cada do Luís um pombo para cruzar com os dele e levar de volta alguma descendência, acabaram por tirar para os dois, Luís Pepe e Quim Naito.
Reconhecimento de uma notável carreira como columbófilo e Dirigente – Prémio atribuído pela FPC notificado pela ACD Évora
Um vida que tem sido de dedicação…mas também de reconhecimento
Actualmente desempenha um cargo muito especial… como líder dos juízes a nível nacional
O líder do grupo de Juízes que estão actualmente tutelados pelo conselho de arbitragem, diz-nos que o standart está junto com o Sport e não deveria ser assim, devia ser autónomo, ou conduzido por alguém próximo desta realidade e motivado para estas questões. Hoje em dia não existem pombos de Standart, existem sim pombos que voam, que competem em corridas e dentro deste grupo de pombos existem aqueles que têm características físicas que os diferenciam dos demais e lhe permite sobressair aos restantes. Temos a nível nacional um bom grupo de Juízes com qualidade, apenas necessitamos de alguma sensibilidade para chegarmos a um nível superior e ao Standart do Pombo Correio.
Antes de terminarmos teremos que relembrar alguns factos. Era eu jovem a iniciar me na columbofilia na vila de Fronteira, e tinha um desejo de conhecer o grande campeão de Évora Luís Pepe, o homem que ganhou um automóvel na columbofilia…hoje será mais natural, aqui ou acolá existirem prémios desta dimensão, mas nesses tempos vencer 8 títulos Gerais, 4 Distritais e um automóvel marcava uma geração…
Hoje entrar pelo seu pombal e na sua residência foi um enorme privilegio e trouxe me um enorme contentamento.
Outro facto curioso para a época foi um artigo columbófilo publicado no prestigiado jornal Belga sobre o nosso entrevistado de hoje: “Métodos de Jogo em Portugal”
Saímos de Évora com o coração cheio de bondade, humildade e extremamente gratos. Não é todos os dias que temos o privilegio de partilhar momentos com pessoas tão especiais como Luís Pepe, um homem que dedicou grande parte da sua vida à columbofilia…sem nunca pensar em atropelar ninguém, sempre com uma postura construtiva face ás dificuldades. Esperamos que a nova reprodução e as novas introduções recentes possam trazer de novo bons êxitos e que a saúde do Luís permita continuar a poder usufruir da sua paixão. Um bem haja e até breve…
Do amigo de Arronches Jacinto Semedo.
Um grande abraço a esse grande senhor
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Um senhor na columbofilia, um Homem de H grande em todas as vertentes da sua personalidade, a humildade e os espírito em ajudar sem interesses, um mestre na arte de manusear, seleccionar e classificar na classe do Standard, aprendi muito com ele nesta arte, obrigado por todos os ensinamentos.
Quanto ao resto, basta ler a entrevista esta é bem esclarecedora da boa pessoa que é, parabéns Luis Pepe.
Desde Camarate toma lá 1 abraço e tudo de bom na vida!!!
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